A diabetes gestacional é um distúrbio que ocorre na gravidez. Acomete cerca de 7% das gestantes, e é caracterizada pelo aumentos dos níveis de glicose (açúcar) no sangue durante a gestação. Ela geralmente se desenvolve no 2° trimestre da gestação por volta das 24 semanas e desaparece após o nascimento do bebê.
Mulheres com ovários policísticos, que engordaram muito ao longo da gestação ou aquelas com histórico familiar de diabetes tem mais propensão em desenvolver a diabetes gestacional.
Qual a causa?
A diabetes acontece quando o pâncreas não é capaz de produzir insulina suficiente para reduzir as taxas de glicose no sangue. A insulina atua como responsável pelo transporte do açúcar do sangue para dentro das células, para ser utilizado como fonte de energia. Durante a gravidez, a placenta produz diversos hormônios que podem bloquear parcialmente a ação da insulina, na maioria das mulheres o pâncreas reage a essa situação liberando mais insulina para superar essa resistência, mas em pacientes com o diabetes gestacional isso não ocorre e a produção de insulina é insuficiente para que o corpo processe adequadamente o excedente de glicose que está na circulação. Conforme as semanas de gravidez avançam a placenta cresce cada vez mais elevando então o risco da diabetes surgir.
Sintomas da diabetes gestacional:
- Ganho de peso exagerado;
- Muita fome;
- Muita sede;
- Visão turva;
- Cansaço extremo;
- Muita vontade de fazer xixi;
- Inchaço nas pernas e pés.
Como diagnosticar:
São realizados no mínimo 3 testes de glicose em jejum ao longo da gestação, um em cada trimestre, os valores ideais ficam entre 75mg/dl e 85mg/dl. Também é realizado um teste da curva glicêmica a partir das 22 semanas de gestação que é quando a resistência a insulina geralmente começa. O teste da curva glicêmica é bem incômodo e muitas grávidas inclusive vomitam, ele consiste em tomar um concentrado de glicose e após são coletados amostras de sangue de hora em hora para se observar quanto tempo demora para a glicose “desaparecer” da corrente sanguínea. Após 1 hora o valor não deve ultrapassar 180 mg/dl e após duas horas, esse valor não deve ultrapassar o 155 mg/dl. Por fim, após três horas, deve ser menor do que 140 mg/dl.
O crescimento acelerado do bebê ou o aumento do líquido amniótico, verificados nas ecografias também podem indicar a presença do excesso de açúcar no sangue.
A gestante e o bebê correm riscos?
Sim!
A mãe pode ter um parto prematuro, o bebê pode não conseguir virar de cabeça para baixo, por causa do peso elevado. Há riscos de desenvolver pré-eclâmpsia que é a elevação súbita da pressão. Sem falar que as chances de um parto normal diminuem muito, devido ao tamanho do bebê muitas vezes a indicação acaba por ser cesárea.
Quanto ao bebê precisamos saber que dois terços do açúcar do sangue da mãe vão para ele, isso faz com que o pâncreas do bebê tenha que produzir mais insulina que o normal. A insulina é um hormônio anabólico, ou seja, ele faz crescer orgãos e tecidos. Um dos orgãos que podem crescer bastante é o coração que pode levar a criança a ter problemas de circulação, pois o coração terá dificuldade de bombear o sangue por causa do seu tamanho elevado.
Também há maior propensão de o bebê desenvolver icterícia, pois ela acontece quando há excesso de bilirrubina no sangue da criança que é metabolizado pelas hemoglobinas. Se a criança tiver um crescimento exagerado, precisará produzir mais sangue, então mais hemoglobinas e com isso mais bilirrubina e assim aumentando as chances da icterícia.
Como o bebê recebeu doses muito altas de glicose enquanto estava na barriga da mãe, após o parto ele pode apresentar um quadro de hipoglicemia e nestes casos o bebê precisará ser medicado para que os níveis de açúcar voltem ao normal.
O bebê também pode apresentar problemas respiratórios pois com o tamanho exagerado precisará de mais tempo para o seu pulmão se adaptar.
Como é feito o tratamento?
Em níveis baixos de glicose, apenas uma boa dieta e exercícios físicos moderados como caminhadas são suficientes para manterem os níveis de glicose equilibradas, mas quando o valor é muito alto, neste caso é necessário entrar com o uso de insulina, mas não se preocupe não prejudica nem a mãe e nem o bebê.
Para as futuras mamães que já eram portadoras de diabetes antes da gestação, é necessário trocar os remédios orais que são contraindicados para a gestação e fazer uso da insulina.
Geralmente a diabetes gestacional desaparece após o parto, mas isso não é sinônimo de descuido pois o pâncreas já deu um sinal que talvez não consiga produzir a quantidade suficiente de insulina para reduzir as taxas de glicose no sangue, sendo assim a mulher fica mais propensa a desenvolver diabetes mellitus.
Lembrando que a melhor pessoa para lhe instruir é o seu médico, portanto caso perceba alguns desses sintomas citados no texto, ou já faço uso de medicação para diabetes consulte seu ginecologista e informe a ele sua situação pois ele poderá ajudá-la de forma adequada. O diagnóstico precoce permite um tratamento mais efetivo e as chances do bebê se desenvolver adequadamente são maiores.
Não corra riscos, cuide-se! Mantenha uma dieta equilibrada durante toda a gestação, seu bebê agradece e no final você também, pois terá ganhado poucos kilos na gestação e isso ajudará com todas as questões tanto do parto quanto da baixo estima que acometem as gestantes e puérperas.