Anomalias do sistema nervoso central e cardiopatias são exemplos de diagnósticos que podem precisar de uma cirurgia no bebê ainda durante a gestação.
Casos de bebês portadores de malformações podem ocasionar sequelas graves de desenvolvimento e até aumentar a mortalidade infantil. Estima-se que cerca de 2 a 3% dos recém-nascidos são portadores de uma ou mais malformações congênitas, sendo estas responsáveis por 20% da mortalidade neonatal e 30 a 50% da mortalidade perinatal em países desenvolvidos.
De acordo com Fábio Peralta, cirurgião fetal do HCor, a realização de exames de pré-natal ajuda no diagnóstico de diferentes doenças e alterações do bem-estar fetal, que podem mudar significativamente o desfecho da gravidez.
“Com o diagnóstico correto durante a gestação, o médico pode sugerir intervenções intraútero (pré-natais), que melhoraram as chances de sobrevida e a qualidade de vida dos pacientes acometidos”, explica.
Dentre as condições que mais frequentemente requerem cirurgias intrauterinas, estão as cardiopatias, que podem acometer uma a cada 100 gestações; a mielomeningocele fetal (espinha bífida aberta), com incidência em um a cada 1000 recém-nascidos no Brasil; e a síndrome de transfusão feto-fetal – STFF, que ocorre em 10 a 15% das gestações gemelares monocoriônicas (dois fetos dividindo a mesma placenta).
“Em casos de estenose valvar aórtica crítica, que é um exemplo de cardiopatia, nós introduzimos uma agulha no ventre materno, a fim de atingir a válvula do coração do bebê que está entupida, restabelecendo o fluxo de sangue e permitindo uma condição de nascimento mais saudável”, detalha Peralta.
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O cirurgião ainda destaca que, em casos de STFF, a equipe pode optar por um tratamento de remoção a laser, por via endoscópica, interrompendo a troca sanguínea entre os bebês, com o intuito de cessar o desequilíbrio no fluxo de sangue entre os dois bebês, minimizando o risco de óbito e de sequelas neurológicas.
Os procedimentos intraútero também demonstram benefícios em casos de mielomeningocele, já que, com eles, é possível corrigir a má-formação da coluna e garantir mais chances de o paciente andar sem auxílio e apresentar melhor desenvolvimento intelectual.
Dispondo de uma equipe obstétrica especializada em gestações de alto risco e da mais especializada equipe de medicina fetal, o HCor se destaca como um dos serviços mais completos no Brasil nesta área, e conta com as mais modernas técnicas terapêuticas para o tratamento de anomalias de toda natureza que ocorrem e são diagnosticadas ainda na vida fetal.
Desde 2009, o HCor oferece cirurgias intraútero para mães que fazem seu pré-natal na rede pública. O projeto de Cirurgias Intrauterinas é realizado por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS).
De acordo com o escopo do projeto, podem ser assistidos bebês com diagnósticos de mielomelingocele fetal ou síndrome de transfusão feto-fetal. Ao todo, mais de 250 tratamentos de alta complexidade já foram concedidos ao longo desses anos.
Os casos são encaminhados ao hospital pela rede de contatos médicos de todo Brasil e recebem atendimento ambulatorial, com a realização de exames antes e depois da intervenção cirúrgica.
“Nosso intuito é promover a melhora da qualidade de vida e da sobrevida desses pacientes, diminuindo as sequelas e reduzindo os índices de mortalidade infantil desta população atendida no SUS”, explica Bernardete Weber, superintendente de Responsabilidade Social da instituição.
O HCor também passou a incluir gestantes com esses quadros clínicos em seu programa de gratuidade, realizado pela Associação Beneficente Síria, mantenedora do hospital.
Nesse novo projeto filantrópico, recebem o mesmo padrão de assistência gestantes atendidas por meio do projeto desenvolvido pelo PROADI-SUS.
“As cirurgias intrauterinas são de alta complexidade e demandam expertise de toda a equipe de saúde envolvida, por isso, queremos colocar nosso time em campo para proporcionar a essas famílias mais qualidade de vida e melhores prognósticos às crianças brasileiras”, ressalta Bernardete.
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