Temos ouvido muito sobre os desafios enfrentados pelos pais durante o isolamento social, na árdua tentativa de conciliar trabalho, atividades domésticas, responsabilidades escolares e cuidados pessoais, entre tantas outras obrigações e incontáveis preocupações durante esta pandemia sem precedentes, e com poucas certezas futuras. Seria impossível discorrer sobre tantas questões em uma única matéria, afinal de contas, só quem vive para saber “a dor e a delícia de ser quem é”, parafraseando Caetano Veloso.
Ao mesmo tempo que muitos pais têm tido a deliciosa oportunidade de passar mais tempo do que comumente passariam com seus filhos durante a semana, o período de quarentena têm sido um desafio para a maioria que se encontra em isolamento social, e precisa manter seus compromissos diários de trabalho, concomitantemente à criação, atendimento e educação das crianças, sem mencionar a necessidade de também manter seu cuidado pessoal com alimentação, possíveis tratamentos, hidratação, entre outros cuidados pessoais, que, infelizmente, acabam sendo esquecidos por muitos.
Anteriormente, famílias cujos pais trabalham fora, podiam contar com sua rede de apoio, formada por escola, familiares, auxiliares domésticas, babás, etc, para que então pudessem cumprir com suas responsabilidades profissionais, e seus filhos fossem cuidados com segurança e amor. Para evitar a transmissão do vírus, essa rede de apoio precisou parar de ser acessada, e, para alguns, a responsabilidade do trabalho seguiu em sua plenitude, com inúmeras videoconferências e reuniões virtuais adicionadas à rotina, entre fraldas, mamadeiras, brincadeiras, preocupações com segurança, educação, entre outras.
Não é possível generalizar as necessidades das crianças, pois cada fase apresenta uma demanda diferente. Um bebê de seis meses tem necessidades muito diferentes de uma criança de um ano e meio, assim como as crianças de cinco anos, por exemplo. São fases distintas e que precisam de olhares especiais para cada momento. Neste artigo, abordaremos aspectos vividos especialmente por pais de crianças de até dois anos.
Aproveite e confira:
A rotina destes pais, via de regra, começa muito cedo. Bebês acordam cedo, alguns dormem muito mal, e a atividade profissional também começa logo nos primeiros horários da manhã. Entre as primeiras fraldas, mamá, alimentação, brincadeiras, troca de roupa, limpeza da casa, cuidado com as roupas, e com todas as outras atividades, há também que manter a certeza de que seu filho não está colocando o dedo na tomada, engolindo algo pequeno ou até mesmo subindo no sofá onde ele pode cair, enquanto telefones tocam, reuniões começam, e-mails chegam e notificações não param. Impossível não dizer que tudo isso, associado à preocupação do que está acontecendo com o mundo, riscos de contaminação a cada saída de casa para atividades essenciais e muitas vezes, inclusive, com o próprio trabalho e geração de renda, coloca, naturalmente, estes pais em uma zona de stress intensa diariamente.
Há inúmeras variáveis que irão influenciar e, inclusive, agravar este processo, como por exemplo, o número de adultos responsáveis e disponíveis na casa, a quantidade de crianças, entre outros pontos. Há mães e pais solo com seus filhos em homeoffice, e que precisam dar conta de tudo sozinhos; há casas onde o casal tem apenas um filho; em outras há mais crianças correndo e brincando.
Fisicamente, pode-se dizer que conciliar tudo isto, muitas vezes sem a empatia e entendimento dos demais colegas de trabalho, não é uma das tarefas mais fáceis e leves, porém, pode ser possível e inclusive prazerosa, se a família conseguir criar miniminamente um ritmo de tarefas e horários. Falamos aqui de “ritmo” ao invés de rotina para dar justamente este sentimento de leveza e fluidez, que todos nós precisamos tentar desenvolver em meio ao caos, diminuindo as autocobranças. Este ritmo, no mínimo, pode te auxiliar a prever os acontecimentos do dia, permitindo esta fluidez frente à inúmeras flexibilizações imprevisíveis e necessárias.
Quando possível, o estabelecimento de uma parceria entre os responsáveis no cuidado diário é o primeiro ponto que precisa ser levado em consideração. A divisão das responsabilidades e estabelecimento de alguns horários podem contribuir, e muito, para que este ritmo diário seja menos estressante, mentalmente e fisicamente. Estabelecer um ritmo com horários para os afazeres diários, também pode contribuir no dia a dia, como hora para o bebê dormir, hora para o banho e até mesmo para ver televisão, lembrando que a recomendação do Ministério da Saúde para crianças até 2 anos é de no máximo 1 hora diária.
Sabe-se que é impossível ter uma “receita de bolo” para estas situações, considerando a peculiaridade vivida por cada família, mas, lista-se abaixo algumas sugestões visando lhe auxiliar a viver esta fase, gerando, principalmente, boas lembranças às crianças e menos stress à família:
Autores:
Vinícius Bednarczuk de Oliveira – Pai da Lelê, Doutor em Ciências Farmacêuticas e Coordenador dos Cursos de Farmácia e Práticas Integrativas e Complementares do Centro Universitário Internacional Uninter.
Verônica Stasiak Bednarczuk de Oliveira – Mãe da Lelê, Psicóloga, Especialista em Análise do Comportamento e Diretora do Unidos pela Vida – Instituto Brasileiro de Atenção a Fibrose Cística.
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