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Como o “novo normal” pode afetar o emocional das crianças com a volta às aulas

Muitos já estão falando de um possível retorno das aulas presenciais, mas será que pais e professores já pensaram o quanto isso pode afetar o emocional da criança e demandar um acompanhamento psicológico?

Enquanto governos e autoridades da saúde e educação de todo o país vêm discutindo o retorno às aulas e medidas de segurança que devem ser adotadas, pais e educadores refletem sobre como deve ficar o emocional das crianças com uma possível volta das atividades presenciais.

Para a psicóloga Talitha Nobre, do grupo Prontobaby, toda mudança repentina pode causar desconforto maior que uma mudança gradativa.

“É importante começar a retomar a rotina da criança gradativamente antes do retorno efetivo, com horários de dormir, de acordar e de fazer as refeições, tentando aproximar ao máximo da rotina escolar. Isso fará com que ela sinta menos a mudança”, avalia.

Esse processo requer adaptação e pode gerar sentimento de angústia. Para saber o que fazer se o emocional do seu filho alterar, a psicóloga dá dicas a seguir. Confira:

Depois de tanto tempo em isolamento sem sair de casa, como fica o emocional das crianças agora com um possível retorno das aulas presenciais?

Todo e qualquer processo de mudança é desconfortável em alguma medida até mesmo para nós adultos. Para as crianças não é diferente e requer uma adaptação. Ele pode gerar um sentimento de angústia, ainda que a mudança seja para um cenário que já era conhecido, como a escola e o reencontro com os amigos e professores. É como um retorno às aulas após as férias escolares, mas é claro que o período de pandemia potencializa essa angústia, já que no caso de férias escolares, a criança não é submetida a um isolamento social.


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Na escola, com o distanciamento social do protocolo de segurança, como a falta das brincadeiras coletiva pode afetá-las?

É difícil prever como será a reação das crianças diante do novo protocolo de segurança, mas acredito que todos serão afetados por esse “novo normal”. Somos seres sociáveis, eles estão em uma fase de construção da sua estrutura psíquica, de troca com o outro, então não tenho dúvidas de que será um processo difícil. Os pais e professores terão um grande desafio e serão determinantes na readaptação dessas crianças. Acho fundamental a presença de um psicólogo escolar para acompanhar esse processo e auxiliar em como conduzir.

Como perceber se a criança está psicologicamente abalada com essa situação? O que fazer nesses casos?

A criança abalada psicologicamente normalmente demonstra através da mudança de comportamento. Costuma ficar mais sensível e pode apresentar distúrbios de humor, como insegurança, tristeza, resistência em fazer atividades rotineiras e irritabilidade. Ao perceber algum desses comportamentos, é importante conversar com a criança antes do retorno, envolvendo-a nesse processo dia a dia, fazendo com que ela possa planejar o cenário de retorno, por exemplo, conversando como será legal rever os colegas. Outro ponto importante é começar a retomar a sua rotina gradativamente antes do retorno efetivo, como os horários de dormir, acordar, a alimentação, tentando se aproximar ao máximo da rotina escolar. Isso fará com que ela sinta menos a mudança. Toda mudança repentina pode causar desconforto maior que uma mudança gradativa.

Quando o acompanhamento psicológico é necessário?

O acompanhamento psicológico é sempre um benefício a todos que se submetem a essa experiência, já que esse é um espaço de fala e melhor elaboração das nossas emoções. Ele se torna fundamental quando os pais percebem que a criança está em sofrimento psíquico, que pode se apresentar por fortes mudanças no comportamento e humor, como por exemplo, distúrbios alimentares, no sono, comportamentos de tristeza constante, ou mudança abrupta no comportamento. O acompanhamento de um psicólogo, seja no contexto escolar ou particular, pode ser importantíssimo nesse processo de mudança, até porque não voltaremos a um estado anterior.

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