É tão difícil assumir nossas fraquezas, medos e limitações da vida. E quando se trata da maternidade, isso é ainda mais difícil, e por isso a depressão pós parto não é evidenciada na mídia e nem tratada na novela das nove como outras doenças e distúrbios são.
No íntimo das mães, todas possuem um momento de sua maternidade em que elas poderiam contestar seus sentimentos por seus filhos. No íntimo dos irmãos mais velhos e dos maridos também, porque a depressão pós-parto não atinge somente à mãe, mas todos que possuem relação direta com o bebê que nasce. Os maridos tendem a se sentir menos importante e receberem menos atenção e importância ou até demonstrarem frustração em relação ao sexo do bebê. E os irmãos mais velhos tendem a regredir em termos comportamentais e desenvolver um sentimento temporário de desprezo pela mãe e pelo novo membro da família.
Segundo ponto. Quais são os fatores que antecedem a depressão pós parto? Existe uma pré-disposição? É um nível de maldade? São pessoas que nunca deveriam ter filhos?
As pessoas que apresentam um quadro de depressão pós-parto são tão normais quanto eu e você. Alguns estudos na área da psicologia indicam que esse quadro é desencadeado pelo sofrimento do próprio parto. Aonde o conforto e a segurança da barriga da mãe deixam de existir e a criança, mesmo levando uma vida normal e crescendo, ao chegar no ponto crucial e igual ao seu nascimento, revive esses sentimentos de separação e ausência de segurança. Por isso falar e combater a violência obstétrica é tão importante, seus efeitos são mais profundos que imaginamos (leia o link para saber todos os tipos de violência obstétrica).
É sabido também que a grávida, que carrega aquele bebê na barriga consigo todo o tempo e tem uma relação totalmente exclusiva de contato com o bebê, sente a separação, a perda da exclusividade e até o ciúmes por ter que compartilhar o seu bebê.
A depressão pós parto pode desenvolver uma série de comportamentos, do mais hiperativo e auto-suficiente ao de tristeza e melancolia. Em diversas situações, a reação da mãe é uma forma de expressão de suas necessidades emocionais. A carência de atenção, quase como uma competição com o bebê é uma delas. Ela quer ser tão comemorada como o bebê, como um pedido de atenção à sua mãe, que originalmente se separou dela no nascimento.
Em outros casos, ela se sente incapaz de cuidar do bebê e isso a deixa deprimida. Seus sentimentos de fracasso reforçam sua necessidade de ser cuidada pelo marido ou pela mãe.
As consequências do não acompanhamento podem ser diversas, até mesmo porque existe um limiar difícil de ser definido entre a depressão pós-parto normal e a patológica, conhecida como psicose puerperal. Feridas no sentimento da mãe e dos familiares podem trazer desde consequências físicas e imediatas como febre, diarréia, dores de cabeça, inapetência e também emocionais que desestruturam o julgamento do apreço pela própria vida da pessoa. Para o bebê que nasce também há sérias consequências, pois ele sente o estresse do ambiente, e pode ter dificuldades para a alimentação, desenvolvimento de forma geral e irritação.
A primeira medida a ser feita é acabar com os julgamentos e iniciar uma rede de apoio que faça as gestantes se sentirem protegidas e não julgadas. Depois, é preciso buscar a ajuda de especialistas que possam ajudar as parturientes a entenderem seus sentimentos e lidar com as situações. Alguns casos serão tratados com medicamentos, outros apenas com o acompanhamento psicológico. Mas em todos os casos, precisamos ter respeito pelos sentimentos dos outros.
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