A ocorrência de transtornos, distúrbios de aprendizagem é bastante comum nas crianças. De acordo com um estudo realizado por cientistas da Universidade College London do Reino Unido, e publicado em 2013 na revista Science, esses distúrbios atingem até 10% da população.
Este é um número bem alto, ainda mais ao se considerar que muitas pessoas que sofrem de transtornos de aprendizagem não procuram por profissionais para o seu diagnóstico, o que faz com que não apareçam nas estatísticas.
Felizmente, é possível identificar se o seu filho apresenta algum indicativo de distúrbios de aprendizagem ao analisar suas atividades do dia a dia, seu desempenho escolar e outras características. Assim, em conjunto com o tratamento, ele poderá levar uma vida perfeitamente normal.
O que são os distúrbios de aprendizagem?
Também conhecidos como transtornos de aprendizagem, eles são problemas que podem afetar a capacidade que as crianças têm de processar, analisar e guardar as informações que aprendem, você costuma perceber isso principalmente quando a criança começa na escola.
Como resultado, essas crianças podem apresentar um rendimento abaixo do esperado, o que pode influenciar diretamente no seu desenvolvimento escolar no presente e também no futuro.
Além disso, os distúrbios de aprendizagem podem até prejudicar o aspecto psicológico das crianças, que podem se sentir menos capacitadas do que deveriam e apresentar uma queda considerável em sua autoestima e satisfação pessoal.
Quais são os transtornos de aprendizagem?
Conhecer alguns desses distúrbios de aprendizagem é muito importante para ajudar a fazer seu diagnóstico. Alguns dos principais transtornos que podem afetar as crianças são os seguintes:
TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade):
faz com que a criança não consiga se concentrar nas atividades propostas e seja hiperativa, ou seja, mais agitada do que o normal.
Disgrafia:
problema de coordenação motora em que a criança não consegue escrever muito bem, amarrar seus próprios sapatos ou manejar itens como talheres, lápis e gizes de cera.
Disortografia:
dificuldade de relacionar a gramática (uso correto da linguagem falada e escrita) com a ortografia (regras de escrita), o que faz com que ela escreva errado ou não respeite os sinais de pontuação.
Discalculia:
problemas para entender e identificar os números e a relação de maior e menor entre eles, geralmente percebida a partir dos nove anos de idade.
Dislexia:
dificuldade para ler, soletrar e escrever, onde a criança costuma trocar as letras de lugar, ainda que seja nas mesmas palavras, ou seja, sem a presença de um padrão que possa representar alguma dificuldade que teve no aprendizado.
Como identificar um distúrbio de aprendizagem no meu filho?
O diagnóstico de transtornos de aprendizagem pode ser obtido através de análises clínicas e da observação no dia a dia da criança. Em outras palavras, não existem exames capazes de identificar a presença da maioria dos distúrbios de aprendizagem.
Essa informação pode causar um pouco de receio nos pais, mas é importante ressaltar que o diagnóstico é relativamente simples e pode ser obtido com a união de seus esforços em conjunto com o de profissionais como professores, psicólogos e psicopedagogos.
Os seguintes detalhes podem ajudar muito a identificar precocemente um distúrbio de aprendizagem e, então, proceder para o devido tratamento do seu filho:
Observe a caligrafia do pequeno
É comum que as crianças tenham uma caligrafia não muito uniforme, já que essa característica ainda está em desenvolvimento. Porém, o natural é que ela melhore aos poucos com o passar do tempo.
Se você identificar que a caligrafia do seu filho não evolui há um bom tempo, esse pode ser o sintoma de algum distúrbio de aprendizagem. Para ajudá-lo, use cadernos de caligrafia como lições de casa e confira a sua evolução.
Analise sua capacidade de calcular
A partir dos 6 meses de idade, os bebês já entendem um pouco sobre matemática. Por exemplo, ao colocar dois potes lado a lado, um com 5 uvas e outro com 10, ele consegue entender que o segundo tem mais uvas do que o primeiro.
Dos 3 anos para frente, contar de 0 a 10 será uma atividade cada vez mais intuitiva, e aos 6 anos de idade, eles já conseguem fazer algumas operações simples de soma e subtração.
É claro que o raciocínio matemático depende muito de cada criança, mas é importante analisar a sua evolução. Se a evolução for muito baixa ou não existir, então pode ser a hora de procurar pela ajuda de profissionais.
Veja como funciona a sua memória
Embora nem sempre seja relacionada a distúrbios de aprendizagem, a memória das crianças também pode ser um indicativo. Afinal de contas, é através da memorização que elas conseguem colocar em prática as coisas que aprendem na escola e até em casa.
Um bom exercício é pedir para a criança dizer algumas coisas que devem estar em sua memória, como o nome de um amiguinho da escola, da cor do carro da família ou daquele primo que brinca com ela de vez em quando.
Se houver uma dificuldade muito grande para a realização dessas tarefas ou se a criança não conseguir, então sua memória pode não ser tão desenvolvida, o que também pode atrapalhar na aprendizagem.
Teste sua capacidade de compreensão
Crianças gostam muito de histórias coloridas e cheias de imagens. Além do lazer, essa pode ser uma atividade que ajuda a identificar algum possível transtorno de aprendizagem.
Para testar a forma com a qual a criança compreende as coisas, pegue um livro ou texto infantil e peça para que ela leia. Como esses conteúdos costumam ser curtos e de linguagem bem simples, as crianças devem conseguir realizar a atividade.
Depois que a história tiver terminado, peça para que a criança explique o que entendeu, usando suas próprias palavras, para que você consiga analisar a sua compreensão.
Não se deve esquecer que a capacidade que uma criança tem de compreender as coisas é naturalmente bem menor do que a de um jovem ou adulto. Por isso, dê mais ênfase para a ideia central da explicação do que para detalhes da história.
O que fazer ao diagnosticar um possível problema de aprendizagem?
Se você percebeu que o seu filho tem algum sintoma que pode ser um distúrbio de aprendizagem, o melhor a se fazer é procurar ajuda de profissionais especializados no assunto.
Os que mais se destacam para isso são os pedagogos, psicopedagogos, psicólogos, neurologistas infantis e fonoaudiólogos, que possuem todo o embasamento técnico e científico necessários para ajudar no diagnóstico.
Depois disso, se for confirmada a presença de algum transtorno de aprendizagem, poderão ser indicadas terapias, treinamentos específicos e, de acordo com o problema identificado, algum remédio para ajudar no tratamento.
A boa notícia é que quanto antes vier o diagnóstico, mais rapidamente as crianças podem se livrar desse problema e, então, ter uma vida super normal no futuro, seja na escola, em casa, nas relações pessoais e em todas as etapas de sua vida.
O diagnóstico precoce é fundamental. Por isso, aprenda tudo o que puder sobre o assunto, conte com a ajuda de profissionais e ajude da melhor forma possível no desenvolvimento do seu filho!