Faz algum tempo que as palmadas estão saindo de cena e a Disciplina Positiva está ganhando cada vez mais destaque no desenvolvimento das crianças.
Tanto destaque que até a Academia Americana de Pediatria atualizou recentemente o seu código de ação e recomenda que os pediatras aconselhem os pais contra o uso de qualquer forma de punição corporal e verbal – como bater, gritar ou humilhar os pequenos.
A orientação está de acordo com o método da Disciplina Positiva. Esta é uma forma de ensino que tem como foco ajudar as crianças a serem capazes de lidar com suas próprias emoções.
“Além disso, por meio da Disciplina Positiva, ensinamos aos nossos filhos habilidades de vida como respeito, confiança, resolução de problemas e empatia”.
Afirma a educadora infantil Ana Paula Franz.
“Muitos pais acreditam que a criança precisa sofrer um pouco ou elas não aprenderão nada; outros, que não são a favor do autoritarismo, caem na permissividade; e ambos são prejudiciais para educação em longo prazo”, completa.
A punição faz com que a criança se sinta mal e colabore menos. Segundo Ana, desta forma ela começa a lhe desafiar e a se recusar a fazer as coisas. Por isso, o ideal é concentrar as energias na solução e não no problema; e a Disciplina Positiva tem justamente o objetivo de ajudar as crianças a aprenderem com o que fizeram.
Isso não quer dizer ser pais permissivos, mas dar limites, consequências justas e tratamento respeitoso ao seu filho.
Então, quando você se deparar com situações difíceis, tenha em mente que é possível resolvê-las de uma forma respeitosa, ensinando seu filho e oferecendo alternativas diferentes daquela que você não deseja ou não pode.
A educadora infantil Ana Paula Franz orienta a deixar de lado os “nãos” e as ameaças e sim a envolver a criança para que juntos consigam chegar a um acordo e resolver o problema.
“Por trás da birra, da falta de colaboração, existe uma gama enorme de sentimentos e necessidades que os pais não estão enxergando. Pode ser frustração, cansaço, raiva… emoções muito complexas para uma criança lidar”
Pra finalizar, vale lembrar que os adultos é que são os responsáveis pelo comportamento dos filhos e não o contrário!
Aproveite e confira:
- O que você precisa saber sobre disciplina positiva
- Criando filhos por meio da disciplina positiva
- 6 livros sobre criação de filhos que você deve ler
DICAS PARA APLICAR A DISCIPLINA POSITIVA
Pequenos ajustes podem fazer uma grande diferença na educação dos nossos pequenos. Mas apesar de parecer óbvio, na prática, exigem que a gente saia do automático.
Por isso, precisamos pensar o que queremos que a nossa criança aprenda e o que queremos que ela se torne quando adulta. Uma palavra pode mudar tudo, nossas palavras tem poder na criação de nossos filhos!
Perguntar ao invés de mandar
Sai daqui que eu preciso limpar essa bagunça que você fez!
Disciplina Positiva: E agora! Como podemos limpar isso juntos?
Divida esse brinquedo com seu amigo!
DP: Como você e seu amigo podem brincar juntos?
Gentileza e firmeza
Autoritário: Não vou falar de novo! Se não guardar esses brinquedos agora, vou jogar no lixo.
Permissivo: Não sei por que você não me escuta!Fico tão triste!
DP: Eu sei que você não quer guardar os brinquedos e está na hora de arrumá-los. Você quer ligar o cronômetro ou cantar uma música enquanto guardamos?
Encorajar ao invés de elogiar
Elogio: Estou tão orgulhoso de você!
Encorajamento: Você se esforçou muito, aposto que está orgulhoso de si mesmo!
Conexão antes da correção
Eu te amo e acredito que podemos encontrar uma solução juntos para esse problema.
Permitir que as crianças aprendam a lidar com os sentimentos
Posso ver que você está muito brava por não poder pegar isso.
Ensinar as crianças o que fazer
Ao invés de dizer para a criança: “não bata” ou “não pegue esse copo”, diga: “faça carinho” demonstrando isso. Ou então: “você pode brincar com esse pote aqui”.
Perguntas e respostas sobre disciplina positiva:
A DISCIPLINA POSITIVA DÁ CERTO COM TODAS AS CRIANÇAS, INCLUSIVE AS MAIS DIFÍCEIS?
ANA PAULA FRANZ – A DP (disciplina positiva) dá certo com todas as crianças, pois é uma abordagem que busca entender os desafios de comportamento como oportunidades de aprendizagem, sendo um caminho sem volta de respeito mútuo e conexão. É uma construção que pode não surtir efeito em curto prazo, como aplicar uma punição (que não muda o comportamento, só para o ato no momento). Os resultados ocorrem em longo prazo, por isso, a limitação está muito mais nos adultos – que são imediatistas – que nas crianças.
QUEM EDUCOU ATÉ AGORA COM GRITOS E TAPAS PODE COMEÇAR A EXERCER A DISCIPLINA POSITIVA?
Ana Paula F – Certamente. O grande desafio está justamente no adulto conseguir abrir mão do seu padrão de educação atual, seja autoritário ou permissivo. Os responsáveis pela educação da criança precisam sair do piloto automático e levar para a consciência as suas ações e o uso das ferramentas da disciplina positiva dentro de cada atitude do filho. Em um primeiro momento pode existir estranhamento por parte do filho, mas com o tempo ele vai melhorar muito a relação e o senso de colaboração e respeito. É uma mudança como qualquer outra, que só irá se tornar fácil com o tempo e a prática.
QUAL O RESULTADO DA DISCIPLINA EM LONGO PRAZO?
Ana Paula F – O principal resultado é ensinar valiosas habilidades sociais e de vida para um bom caráter, através do respeito, empatia, poder na resolução de problemas, cooperação, contribuição. A disciplina positiva convida a criança a descobrir o quanto ela é capaz, encorajando a usar o seu poder pessoal e autonomia de uma forma construtiva.