A visão da mãe pode ser prejudicada durante a gestação, assim como o bebê corre riscos durante o parto e nos primeiros dias de vida.
Na gestação é comum que as mulheres passem por várias mudanças, desde emocionais até psicológicas e físicas. O que muitos não sabem, entretanto, é que a visão também pode sofrer alteração. Afinal, os altos níveis de progesterona, hormônio fundamental na gravidez, podem afetar o colágeno da córnea e ocasionar distúrbios temporários ou permanentes, tais como a síndrome do olho seco, sensibilidade à luz, mudança no grau ocular, visão manchada, desdobramentos da pré-eclâmpsia e do diabetes gestacional.
O oftalmologista Bernardo Cavalcanti, do Hospital de Olhos de Pernambuco (HOPE), explica que os hormônios sofrem alterações na gestação para que o corpo se adéque ao período. Em relação à síndrome do olho seco, o médico conta que esse problema é temporário e tende a sumir logo após o nascimento do bebê. Ele comenta ainda que as variações hormonais também podem ocasionar mudanças refrativas como o aumento da espessura e da curvatura da córnea e o aumento da curvatura do cristalino que poderão, em algumas situações, levar a um desvio refrativo, aumentando a graduação dos óculos ou lentes de contato. “Os sintomas mais frequentes para detectar a mudança são tontura e dores de cabeça”, pontua.
A chamada visão manchada ou a percepção de pontos pretos na imagem podem significar pressão alta na gravidez e exige bastante cuidado. Dr. Bernardo comenta que esse quadro requer acompanhamento médico, pois os níveis elevados de pressão sanguínea podem ocasionar o deslocamento da retina, ainda mais por conta da pré-eclâmpsia, um estado de hipertensão que ocorre normalmente depois da 20ª semana de gestação. “Os principais sintomas são a perda temporária da visão, embaço, maior sensibilidade à luz e formação de flashes”, explica, ressaltando que o diabetes gestacional é outro distúrbio que merece atenção pois, no Brasil, cerca de 7% das gestantes desenvolvem a doença. “Durante a gravidez, existe um aumento na produção do hormônio lactogênio placentário, que inibe a produção de insulina, aumentando os níveis de açúcar no sangue. Altas taxas associadas ao diabetes podem danificar os vasos sanguíneos que alimentam a retina, ocasionando na visão problemas relacionados à nitidez e ao foco”, diz Cavalcanti.
Como considerações gerais, o especialista aconselha que a gestante conte com um acompanhamento médico, incluindo visitas ao oftalmologista; tenha cautela ao usar medicamentos, pois a medicação errada pode ocasionar complicações na gravidez e opte sempre por um estilo de vida saudável. Isso também irá ajudar a prevenir que doenças prejudiquem a visão do bebê, principalmente durante o parto. A conjuntivite neonatal é uma infecção que envolve as pálpebras e a parte visível do olho. Podendo ser ligeira ou grave, essa doença pode produzir pequenas ou grandes quantidades de pus no recém-nascido, geralmente infectado durante o seu nascimento, ao atravessar o canal de parto, a partir do contato com secreções genitais maternas contaminadas.
Isso acontece porque os organismos causadores são geralmente as bactérias que vivem na vagina: a Clamydia, causa mais frequente de conjutivite neonatal, e o Streptococcus pneumoniae, o Haemophilus influenzae e a Neisseria gonorrhoeae (bactéria que causa gonorreia). A conjuntivite neonatal tem um índice de transmissão da mãe infectada para o recém-nascido de 30% a 50%. Existem três tipos de conjuntivite neonatal: aconjuntivite química, cujos sintomas aparecem horas após a administração do colírio de prata, ocasiona olho vermelho, sem secreção. A conjuntivite gonocócia, que ocorre geralmente no terceiro dia após o nascimento com quadro de secreção abundante, olhos vermelhos, edema de conjuntiva e vermelhidão das pálpebras. E a conjuntivite de inclusão (Clamydia trachomotis), que ocorre a partir do sétimo dia após o nascimento, com reação papilar na conjuntiva do tarso superior e inferior e discreta secreção das pálpebras.
Por isso, é essencial os cuidados durante o pré-natal e com a higiene da mãe. Para a conjuntivite química, que é provocada pelos sais de prata do colírio nitrato de prata, a criança fica boa em alguns dias apenas com colírios de lágrima artificial (lubrificantes). Para a conjuntivite gonocócia, é recomendado o uso da Penicilina cristalina, além de aplicação local de solução fisiológica. Para a conjuntivite neonatal não gonocócica, não há evidência de que o tratamento tópico ofereça benefício adicional e recomenda-se o uso de eritomicina.
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