Participação especial de Anna Cruz, conhecida também por “Dona Sobre”, por conta do Instagram sobreissoeaquilo. Confira sua participação!
Todo mundo sabe: ler faz bem. Faz bem, em primeiro lugar, porque não faz mal. Claro. Não há riscos envolvidos, não há contraindicação, não se perde nada. Faz bem porque amplia horizontes, permite contato com lugares, modos de vida, realidades distantes. Faz bem porque faz companhia, relaxa, entretém. Melhora o vocabulário, o domínio da língua, a articulação. E montes de outras platitudes.
Embora seja consensual o benefício, o hábito da leitura ainda é incomum. E falo de hábito mesmo, daquilo que se faz com regularidade, que se incorpora à vida, um “escovar os dentes”. Uma das pistas que tenho para isso é que há profusão de livros e nem todos são bons. Não basta estar encadernado, com página numerada e capa para ser bom; infelizmente, há títulos bastante ruins por aí e prestam desserviço: erros ortográficos, ideias preconceituosas ou simplesmente entediantes podem afastar sobretudo os leitores em formação.
Acredito que não haja curso para escolher livros. Não há graduação ou tecnologia que garantam a alguém o título de “perito seletor” de livros, até porque se há parâmetros objetivos (como os deslizes de português), há em grande quantidade fatores subjetivos envolvidos (um tema que lhe toca, algo que se afina com um momento pessoal, etc.). O olhar do adulto se educa lendo, trocando dicas com outros leitores, frequentando livrarias; o da criança, pelo guia afetivo que recebe de quem lê.
Então vamos combinar assim: ler é ótimo, mas não basta oferecer um livro ou um gibizinho qualquer para seu filho; é preciso viver a experiência do manuseio das folhas, discutir o texto, degustar as ilustrações, perceber a escolha das palavras, apresentar autores. E reler, outra e outra vez.