Maternidade Insana: Eu, meu filho e o ipad

Você sabe quem inventou o Ipad? Claro, Steve Jobs.

E você sabe o que ele achava sobre os filhos pequenos dele usarem o ipad?
Certa vez um jornalista comentou com ele algo como “Então, seus filhos devem amar o ipad!”, e ele respondeu “Eles ainda não usaram. Nós limitamos a quantidade de tecnologia que nossos filhos usam em casa”.

Ficou chocada? Eu não. É sabido que os filhos do Steve Jobs frequentaram escolas com a metodologia Waldorf, e também é sabido que o Steve Jobs não era nenhum bocó de denegrir a imagem do produto da empresa dele. Mas acho que acima de tudo, ele foi sincero ao responder o comentário, e se mostrou um pai preocupado e além do tempo.

Se você olhar à sua volta, vai ver que a maioria absoluta das pessoas está carregando pelo menos um dispositivo eletrônico e que a maioria delas está na verdade usando esses dispositivos neste exato momento, como você lendo este post. Isso também não é chocante, já que os celulares, ipads, ipods e similares vieram para facilitar nossas vidas. Mas quer saber? O microondas também veio. Os secadores de cabelo, as panelas de pressão, geladeiras, máquinas de lavar, a roda e o fogo! Podemos até usar muito esses itens, mas não carregamos eles com a gente, nem temos uma relação de dependência tão grande quanto temos com nossos smartphones. E eles ainda chamam “smartphones”! São celulares “espertinhos”, fazendo a gente acreditar que eles facilitam nossas vidas. Mas “viver” nunca foi algo virtual que precisasse de ajuda ou facilidades.

Imagem: Appleinside

E talvez por isso nosso amigo Steve Jobs tenha limitado a quantidade de tecnologia para seus filhos em casa.

Aí eu te pergunto: Como você faz para limitar a quantidade de tecnologia na sua casa? Porque da mesma forma que é importante que as crianças cresçam e vivam a vida de forma expontânea e “manual”, também não podemos deixá-las alienadas ao fato de existirem esses tais dispositivos eletrônicos. Na verdade, acho que isolá-las disso nos

dias de hoje isso é quase impossível. Ainda que você não apresente, ofereça, incentive que seu filho use esses tais dispositivos eletrônicos, eles estão por toda parte. A questão é, qual a medida certa?

Aqui em casa é uma verdadeira guerra. Meu filho de sete anos acorda pedindo Ipad e dorme pedindo Ipad. Não temos vídeo game, nem mini game. Deixo ele usar o ipad principalmente no final de semana, acredito que no máximo umas 10 horas por semana. E ainda que esteja tudo tão claro e determinado para ele, é sempre um choro para eu deixar jogar e um choro quando eu falo que é hora de desligar. Eu posso dizer que isso é um vício? Uma dependência? Talvez isso seja apenas um comportamento copiado, um exemplo que ele está seguindo de mim, do pai, e das pessoas que cercam a vida dele e isso me coloca diretamente no olho do furacão.

Pensando nisso, compreendo a revolta em ter dia e horário para jogar o Ipad, porque para todo o restante da humanidade, inclusive para os pais dele, a tecnologia está em “livre demanda”, como a amamentação dos bebês logo quando nascem. Meu filho nasceu na era dos ipads, então será que deveria “alimentá-lo” em livre demanda de tecnologia? Tão ruim associar um termo da maternidade para o aleitamento com o uso de dispositivos eletrônicos, mas será que não temos que fazer essa pergunta mais vezes? Nós que nascemos antes do computador pessoal e sugamos com tanta sede e ficamos tão dependentes dos smartphones, que eles, que nasceram depois desses equipamentos, simplesmente não entendem porque não podem fazer o mesmo e acho que nós não temos nem bons argumentos nem bons exemplos para dar. Parecemos mortos de sede bebendo água de um rio, e nossos filhos estão ali do lado nos observando.

Se o Steve Jobs pode ser um viajante do futuro que veio nos visitar, é bom rever a relação doméstica dele com a tecnologia e porque ele oferecia “água deste rio de canudinho” para os filhos dele.

Amanda Gusmão

Mãe de dois meninos e de um blog, sou daquelas que tropeça e ri do próprio tombo. Mais normal que arroz com feijão, gosto de levantar a bandeira das "Sem bandeiras" na maternidade. Maternidade simples e divertida. Vamos lá?

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