A maternidade insana no dia à dia: Começa a hora do Dever de casa…
Eu: – filho, escreve “almoço”, a, l, m…
Filho: – AI, MÃE! Não precisa dizer, porque eu sei como escreve..
Eu: ok, então não falo mais. Fico feliz que você saiba escrever tudo sozinho (ironia que ele não entende ainda, claro!)
Assim que terminou o título, escreveu: “aros” (arroz).
Eu: – tá escrito errado.
Filho: – Ah é, é com “ç”. – Apagou, e escreveu “aroç”.
Eu: – tá escrito errado. ( quis ver até onde a teimosia dele iria)
Filho: Ah é, é com “x”. – E escreveu “arox”.
Eu: – errado.
Filho: Então é com z. “Aroz”
Com minha terceira interferência, ele acabou cedendo e perguntando qual era a forma correta de escrever, mas ainda assim, em tom desafiador, como se duvidasse que eu soubesse. Fez uma cara de indiferença e escreveu.
Porque as crianças em certo momento começam a desafiar os pais? O pior é que além de desafiar, tendem a querem dar as regras na casa, e estipular quem manda em quem. Aqui em casa, segundo meu filho, quem manda é o pai dele. E seguindo sua lógica, na hierarquia masculina, ele é o próximo.
Sim, ele disse isso. E não, ele não age assim. Eu adoro observar o comportamento humano, e o das crianças especialmente. E são em momentos assim que temos que admitir, a maternidade é insana, pois eu preciso valorizar o gesto da tentativa da independência, mas ao mesmo tempo corrigir o comportamento desrespeitoso e machista dele.
Sim, é um comportamento machista. E não, não estou exagerando. A grande questão é que em sua fase, tal atitude ainda não é raciocinada, e cabe aos pais explicarem e ajudarem ele a entender o certo e o errado, e principalmente, seus sentimentos. Porque ele estava me desafiando? Porque ele estava achando que o pai e depois ele tem mais poder que eu, a mãe?
Será que isso seria um reflexo do nosso comportamento? Pensei pra caramba nisso, não acho minha relação desrespeitosa, pelo contrário. Mas entre achar e ser, existe um abismo, e por isso não podemos nunca baixar a guarda e não nos avaliar com frequência. Crianças aprendem pelos exemplos.
Então, como separar os aprendizados? Como abordar o assunto? E como somos emocionalmente envolvidas na situação, como responder de forma educativa? Se fosse uma manifestação machista na rua, por um desconhecido, poderia me defender de uma maneira, mas para meu filho, não preciso me defender, preciso ensinar.
Esses são desafios insanos, e eles passam em tão poucos segundos, que você não tem todo o tempo do mundo para pensar, e muito menos pode pedir para esperar um pouco e “jogar no Google” para descobrir o que deve fazer. Você deve agir rápido, e naquele momento.
“Meu filho, porque você acha que o papai manda aqui em casa?”
“Você acha que uma coleguinha pode ser mais importante que você porque ela é uma menina ou vice-versa?”
“Como você se sente quando a mamãe diz o que você deve escrever?”
“Como você se sente quando você erra a forma correta de escrever?”
Temos que tentar descobrir a raiz da reação deles, o que antecede, o que desencadeia. Pode ser um exemplo dos pais? Pode. Pode ser um sentimento ou mágoa que ele no momento não está compreendendo? Pode também.
Contei isso para meu marido e ele disse que “um dia sua nora vai te agradecer”. E eu respondi com toda sinceridade do mundo “espero que o agradecimento seja dele”.
Quer um pouquinho de maternidade insana? Leia AQUI sobre o que achamos das pessoas que comem muito e não engordam!