Todo mundo tem uma amiga assim. Eu sinto um arrepio na espinha toda vez que escuto alguém falar em voz alta e sem o menor pudor “como muito e não engordo nada!”. Bom para você, amiga, não é o meu caso. Se eu como muito, é porque meus filhos estão dormindo, e se eles estão dormindo, o sentimento “deixa eu aproveitar esse tempo como se não houvesse amanhã” toma conta de mim às 23horas, por exemplo. O esquema é quase de guerra, pois não sei quando comerei de novo, e no próximo tempo livre posso tentar fazer aquele negócio que as pessoas normais fazem quando estão cansadas, fecham os olhos, deitam na cama e relaxam, esqueci o nome disso faz tempo.
Enfim, nessas horas de rara beleza, como enlouquecidamente, mas não consigo comer uma refeição “arroz com feijão e etc..”, como um pãozinho com frango, milho, iogurte, tapioca e o que mais tiver dentro da geladeira. Meu organismo se recusa a comer uma refeição tradicional em um horário não tradicional, e eu também levo em consideração que o sanduba será mais rápido de comer e me sobrará tempo de escovar os dentes e glamourosamente, passar o fio dental!!!
Mas engana-se quem pensa que eu não como quando meus filhos estão acordados. Claro que eu como. Eu sou daquelas que serve o prato para dois e como junto para agilizar o processo. Tudo bem que no final das contas só resta para mim tomate, arroz, feijão e um brócolis despedaçado e frio, mas acho digno. Na hora da sobremesa, eu compenso sem muita dor na consciência, pois penso que ele não deve ficar comendo muito açúcar. E podem me dar todos os argumentos científicos de que comer junto é ruim, vou continuar fazendo isso (claro que não quando um de nós estiver doente). Atire a primeira fralda SUJA quem não fez ou faz algo que torne sua maternidade imperfeita.
Aliás esse é o meu lema, posso passar a vida inteira tentando não errar, mas quando errar, e eu vou errar, não vou me torturar achando que eu sou a pior mãe do mundo, no máximo vou achar que estou entre as piores. Mas mesmo assim, vou ajeitar o cabelo, endireitar a roupa, e seguir em frente. Faz parte e as vezes ajuda a manter a in(sanidade).
Voltando ao assunto das que não engordam e eu, seria fantástico ser assim, mas considerando que os momentos em que me alimento não são tão divertidos como o restante do dia, consigo viver feliz na normalidade de quem sobe na balança e comemora meio quilo perdido e chora no domingo à noite por ter exagerado no final de semana. Prefiro o compromisso de me alimentar melhor, vou agendar isso para alguma segunda-feira desse ano.
Por isso não perco um minuto da minha vida querendo ser assim, ninguém é igual a ninguém, e seguindo essa lógica, eu devo ter uma “coisa mágica” como essa para tirar onda também. Aliás, eu tenho. Por exemplo, eu posso assistir Peppa Pig vinte vezes seguidas e não enlouquecer. Esse poder de concentração incrível é muito mais útil para mim do que comer muito e não engordar. Eu posso também responder meu filho perguntando “..mas porquê?” mil vezes seguidas com respostas diferentes sem terminar com um “porque sim” ou “porque eu disse” impaciente.
Então vamos fazer o seguinte, que elas fiquem “não engordando” por aí…