Hoje temos participação da Fernanda Curado do blog Que mãe sou eu. Confira!
Outro dia me deparei com uma declaração de uma mãe em sua página em uma rede social afirmando que a maternidade não a havia mudado em nada, que sua personalidade era a mesma, que ela era apenas mais feliz agora! E justo eu que que não canso de falar sobre o quão transformadora a maternidade foi para mim, fiquei ali lendo aquelas palavras e pensando, mas afinal porque eu mudei tanto? Será que mudei mesmo? O que mudou?
É fato que não mudei de personalidade, mas como boa geminiana sempre fui meio mutante mesmo, adaptável ao ambiente, e embora as características sejam as minhas de sempre, velhas conhecidas, algumas passaram a se destacar mais, ou talvez sejam as mesmas qualidades e defeitos agora aplicadas a outros contextos, como quando falamos sobre a intensidade antes dedicada ao trabalho e agora à maternidade (https://www.soumae.org/maternidade-transformadora-de-workaholic-a-motherholic/).
Depois de 4 anos de maternidade, confesso que fica um pouco difícil lembrar quem eu era antes, separar o que é crédito ou culpa da chegada do filho e o que é natural da idade, do amadurecimento, das voltas que o mundo dá.
o tempo, ou seria o tanto de coisas que temos para fazer no mesmo tempo?! , quem consegue sair de casa no tempo que prevê?, já num restaurante você aprende a fazer refeições em tempo recorde antes que o prazo de validade do rebento estoure, e se o banho longo de antes levava 1 hora na banheira, hoje 20 min de chuveiro é quase um spa….
a liberdade, seu direito de ir e vir, de ler um livro, de dormir, de fazer qualquer coisa não depende mais única e exclusivamente da sua vontade….
o sono, alteração das mais penosas, levantar diversas vezes durante a noite, cair de sono e ter de esperar o bebê incansável se render aos braços de morfeu, perder o sono quando a febre não desce, despertar às 5 da matina com um intruso em sua cama…. são tantas as modalidades de perturbação do sono que sofre uma mãe….
o medo, não é só o medo do que ameaça o seu filho, é o medo de onde o mundo vai parar, onde seus filhos vão viver, é o medo de não escolher o certo, medo de não voltar pra casa…
a culpa, confesso que coloquei esse ítem na lista muito mais pelos outros do que por mim, eu escuto tanto as amigas falarem de culpa, não acho que eu sofra tanto com ela assim, mas é inegável, depois de ser mãe, em maior ou menor grau, ela sempre nos acompanha…
a responsabilidade, saber que todas as suas escolhas implicam em consequências na vida de uma criança… se isso não é responsabilidade, eu não sei mais o que é?
os motivos pra sorrir, admita nem a melhor piada lhe arranca sorrisos com mais facilidade que qualquer coisa que seu pequenho apronte, não tenho dúvidas de que me tornei mais séria fora de casa muito mais boba dentro dela….
a identidade, por mais que você tente preservar a sua, não há como fugir, você virou “a mãe”, no meu caso “a mãe do pedro” …
o sujeito principal da frase, seja qual for o assunto, na maioria das vezes você não é mais sujeito dos pensamentos que povoam sua mente, sejam as preocupações, as providências, as alegrias, as celebrações, o orgulho, quase tudo agora é resultado das conquistas e peripécias deles…
o amor, você não tinha antes como saber que havia tanto amor pra sentir nesse mundo, e mais amor, é sim, muito mais felicidade!
E então, eu agora me pergunto como ser a mesma sendo alguem que dorme menos e se preocupa mais?! Alguem que não tem mais tempo pra ser quem era? Alguem que enxerga o outro antes mesmo de se achar? E aí, olhando pra dentro, eu sei que mudou tudo mesmo, mudou meu lugar no mundo, meu olhar sobre o outro, minha noção do futuro, do tempo e do perigo, mudou o meu querer, a minha coragem e os meus medos, assim como os meus sonhos. Porque a maternidade não é um papel que eu exerço, é a mulher que eu sou … reinventada.
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