Em comemoração ao Dia Mundial da Infância, celebrado em 21 de março, o Centro Infantil Boldrini compartilha a emocionante história de empatia e amizade entre duas pacientes do hospital:
Maria Julia, com apenas oito anos, tem coração e maturidade que surpreendem a todos. Ela é amazonense, viveu com a mãe em Campinas, SP, durante os últimos dois anos, para realização de tratamento contra leucemia. Ela passou por quimioterapia e, com ela, pela queda dos cabelos. Vaidosa, Maria Julia, a Maju, como é conhecida, adquiriu acessórios, perucas de diversas cores e enfrentou o momento com bravura, até mesmo no grande desafio de voltar à escola.
Tempo depois, ela usou sua experiência para ajudar a amiga, Ana Laura, de sete anos, que também faz tratamento para leucemia, a enfrentar esse desafio de voltar para a escola.
Como a Ana Laura estava com receio de voltar às aulas com a aparência diferente, por causa da queda dos cabelos, Maju teve a ideia de fazer uma apresentação para os amigos para explicar o que é ter câncer na infância e o porquê de os cabelos caírem. E assim foi feita sua primeira palestra sobre o assunto!
“Quando tive que voltar às aulas após o tratamento, no primeiro ano, eu estava totalmente careca. Fui para a escola de lenço, mas já imaginava que acabaria tirando ao longo do dia, pois estava muito calor. Conversei com minha mãe e minha professora sobre isso, pois ficaria com minha carequinha exposta e previa que meus amigos estranhariam. E foi assim que aconteceu: a primeira reação da maioria foi rir e até se afastar de mim, pois achavam que poderiam pegar minha doença. E não foi legal isso. Foi por isso que tive a ideia de ajudar a Ana Laura, minha amiga do Boldrini, na volta às aulas, quando foi a vez dela”, explica Maju.
A ideia comoveu a todos, pais, médicos e professores. Mas, mais do que isso, aproximou Ana Laura dos amiguinhos, por meio da informação e da empatia.
“Depois que conversei com a classe, eles entenderam e chamamos a Ana Laura para uma festa surpresa de boas-vindas. Ela estava de olhos fechados e, quando abriu, todo mundo estava sorrindo e pronto para abraçá-la”, completa Maju.
Ana Laura, a amiga, conta como foi esse momento:
“A Maju foi minha primeira amiga no Hospital Boldrini. Desde o primeiro dia de quimio ela me ajudou muito e hoje é minha amigona. Só tenho a agradecer por ela ter ido comigo à escola, porque eu estava com vergonha no começo. Mas depois que ela explicou aos meus amigos o porquê de estarmos sem cabelos, foi ficando mais fácil e até fiquei sem peruca. Mesmo careca ou com pouco cabelo, todos falaram que estava lindo. Ter a Maju ao meu lado foi muito bom”.
De acordo com especialistas da área, a ausência da criança por longos dias na escola e as mudanças físicas, sobretudo a queda de cabelo por conta da quimioterapia, podem gerar estranhamento dos colegas de classe. Por isso, pais e escola podem trabalhar juntos para preparar as crianças. O ideal é usar materiais apropriados para a idade desses alunos, explicando o que é câncer e como ele é tratado, sempre com uma linguagem bem acessível e lúdica.
É o nome genérico dado a doenças que acontecem dentro da célula. Por erro, a célula com câncer passa a se multiplicar mais rápido do que outras e tem o poder de formar tumores (um acúmulo de células).
É um tratamento contra o câncer que tenta impedir a multiplicação das células cancerígenas.
Como efeito colateral, a quimioterapia impede a divisão das células que dão origem ao cabelo; por isso, os fios caem, mas voltam a crescer após o tratamento.
Cerca de 12 mil novos casos de câncer infantil são registrados no Brasil a cada ano, segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca). O número é alto, mas, a taxa média de cura do câncer pediátrico no Brasil é de cerca de 70% – alguns tipos da doença chegam a ter índices ainda mais elevados.
No entanto, para obter esses números, é essencial que o diagnóstico da doença seja feito precocemente e com um tratamento realizado em centros especializados.
O problema é que nem sempre a doença é descoberta no seu estágio inicial, principalmente porque alguns sintomas – como febre persistente, manchas rochas pelo corpo, gânglios e dores nos ossos ou no abdômen – podem se confundir com vários outros males comuns na infância.
O importante é ficar atento caso o problema não desapareça uma semana após a visita ao pediatra.
Para ajudar a entender melhor e combater o câncer infantil, o Centro Infantil Boldrini se uniu à recém-formada Iniciativa Global da Organização Mundial da Saúde para o Câncer Infantil.
A Iniciativa busca reduzir as desigualdades no acesso ao diagnóstico e na qualidade do tratamento para o câncer e, assim, melhorar os resultados do tratamento para todas as crianças, especialmente aquelas que vivem em países com recursos limitados.
A Iniciativa Global tem o objetivo de alcançar uma taxa de sobrevivência de pelo menos 60% para crianças com câncer globalmente até 2030.
Essa meta representa uma duplicação aproximada da taxa de sobrevivência atual e, alcançando, economizará 1 milhão de vidas na próxima década. A taxa de sobrevida média no Brasil é de 64%.
Assim como nos países desenvolvidos, no Brasil, o câncer já representa a primeira causa de morte (8% do total) por doença entre crianças e adolescentes de 1 a 19 anos.
Nas últimas quatro décadas, o progresso no tratamento do câncer na infância e na adolescência foi extremamente significativo.
Hoje, em torno de 80% das crianças e adolescentes acometidos da doença podem ser curados se diagnosticados precocemente e tratados em centros especializados.
A maioria dos pacientes terá boa qualidade de vida após o tratamento adequado.
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