Uma criança tem curiosidade para saber como é o mecanismo de um carrinho de controle remoto ou de uma boneca que fala, da mesma forma como ela tem curiosidade pelo funcionamento das partes do seu corpo. E é esse momento de descoberta que precisamos conversar sobre a intimidade de cada um, e também sobre pedofilia.
Esse tema deveria estar no post “as coisas que ninguém te contou sobre a maternidade“, porque nunca nos imaginamos tendo essa conversa, não é mesmo?
O que imediatamente vem à nossa cabeça é que “meu filho é novo demais” ou “isso nunca vai acontecer com meu filho”, mas a verdade é que não existe melhor arma e garantia do que a informação sobre o certo e o errado. É preciso conversar sobre o que é a pedofilia, por exemplo.
Como falamos antes, em determinado momento do desenvolvimento infantil, as crianças se voltam para seus corpos com curiosidade, e isso é natural. Elas se tocam, sentem prazer, se comparam com outras crianças e por sua inocência, ficam desarmadas e tornam-se presas perfeitas.
É preciso conversar com elas sobre o “toque que faz sentir estranho ou desconfortável”, pois isso pode parecer confuso. Ao serem tocadas por outras pessoas, elas podem sentir prazer e a contradição de pensamentos e sensações podem deixá-las confusas. “Se é errado, porque eu gosto da sensação?” É preciso lembrar que na maioria dos casos, a pedofilia acontece com pessoas que a criança conhece, com crianças maiores, tios, tias, professores e etc.
Ou seja, antes de falar sobre o que é errado, deixe claro que a descoberta do corpo dela é normal, mas é algo particular e íntimo dela. Se ela tiver alguma dúvida sobre isso, deve procurar você ou alguém da confiança de vocês dois para conversar.
É preciso deixar claro para a criança que conhecer o próprio corpo é natural, mas que isso não deve ser compartilhado com ninguém, nem mesmo com os colegas de escola. Não dá para esperar que algum exemplo ocorra para ser explicado, é preciso prevenir. Também não se deve deixar “que a escola ensine”, pois infelizmente, as vezes o abuso infantil ocorre nas dependências de uma escola.
Deixe que a criança estabeleça um vínculo de confiança com você ou algum outro adulto que possa lhe ajudar (pai, avó, avô, médica da família…). Fique atenta ao desenvolvimento da criança, quando a curiosidade for sendo despertada. Alguns pais encontram seus filhos “brincando de médico” com outras crianças e simplesmente não sabem o que devem dizer ou fazer. Alguns acham graça.
O melhor a ser feito é falar de forma absolutamente normal e calma que você percebeu que eles estavam observando as diferenças entre seus corpos, mas que naquele momento é preciso se vestir. Depois, complemente dizendo que não se deve tirar roupas para brincar, mesmo que ficar sem elas pareça ser divertido e refrescante. Não faça um circo ou alarde. Eles devem gostar de seus corpos e descobrir como eles funcionam, mas precisam saber a descoberta pertence somente à eles, e mais ninguém.
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