Você já conversou sobre abuso sexual com seus filhos? Confira nesse post algumas dicas de como prevenir o abuso sexual infantil.
Ainda há um grande tabu envolta desse tema, por isso ainda é tão difícil falar dele seja pelo preconceito que de certa forma existe, seja pela vergonha da família em falar dessa situação, pelo medo do abusador que muitas vezes é alguém da família ou muito próximo ou pelo silêncio das vítimas que por serem crianças muitas vezes nem sabem dizer o que está acontecendo com elas.
Mas o abuso sexual infantil é real, e suas estatísticas só aumentam anos após ano, segundo o Disque-Denúncia em 2017 cerca de 70mil denúncias foram de violência e violação dos direitos humanos de crianças e adolescentes. Segundo o Sistema Público de Saúde (SUS) em 2016 foram registrados 22,9 mil atendimentos a vítimas de estupro no país, sendo que desse número 57% era vítimas de 0 a 14 anos, sendo que 6 mil vítimas tinham menos de 9 anos de idade. Os números são assustadores mas eles podem ficar ainda piores, se considerarmos que muitas vítimas ainda sofrem em silêncio e muitas famílias quando ficam sabendo acabam se calando por medo do agressor ou por vergonha da sociedade.
Na maioria dos casos o abusador é alguém com quem a criança tem convivência, confia, ama, respeita, conhece, se relaciona como pais, irmãos, primos, tios, avós, dindos, padrastos… E fora do âmbito familiar o abusador costuma ser alguém que tem uma relação de confiança com a vítima como um professor, médicos, psicólogos, técnicos de modalidades esportivas, etc. Rara vezes o abusador é alguém desconhecido, pois ele precisa exercer certa influência sobre a vítima, que a deixa coagida e não por ser um estranho mas por ser exatamente alguém em quem confia, isso acaba deixando ela confusa e por isso ela se cala diante do abuso.
Lembrando que o abusador não necessariamente precisa ser um adulto, mas pode ser um jovem ou um adolescente, alguém que exerça poder sobre a vítima.
As consequências do abuso sexual infantil vão muito além das questões físicas, a criança abusada pode desenvolver problemas de relacionamento, de aprendizagem, de comportamento se tornando agressiva ou depressiva, podendo ficar mais suscetível ao consumo de drogas, cigarro ou bebidas alcóolicas, desenvolve sentimentos de culpa e medo, além de apresentar uma imagem corporal depreciativa de si mesma. Por vezes a criança apresentará sentimentos confusos pois ela não consegue entender o que está acontecendo e acaba processando a situação vivida posteriormente. Por isso fique atento a qualquer mudança comportamental repentina da criança, isso pode ser um indicativo de que algo não vai bem com ela.
As crianças desde novinhas precisam saber nomear corretamente todas as partes do seu corpo, inclusive as partes íntimas. Elas também precisam saber o que é íntimo, e que ninguém pode tocar ou ver suas partes íntimas, nem de outras pessoas. Apenas os pais podem tocar ou ver para fazer a higiene. Importante também que desde pequenas as crianças sejam ensinadas e incentivadas a se limparem sozinhas após utilizarem o vaso sanitário e tomarem banho sozinhas, de forma a elas mesmas fazerem a higiene de suas partes íntimas, evitando que hajam brechas para que outras pessoas como pretexto de ajudar com a higiene se aproveitem da situação para cometerem abusos.
Ensine a criança que o corpo dela é dela, portanto ninguém tem o direito de tocar ou ver, seja alguém conhecido ou não. Bem como ela não deve tocar ou ver as partes íntimas de ninguém, pois isso são os limites e devem ser utilizados. Converse com ela, sobre as artimanhas de alguns abusadores de querer trocar carícias em troca de coisas, como brinquedos, doces, passeios ou sob ameaças de que farão algo ruim com seus pais ou irmãos caso ela fale alguma coisa.
Aproveite e confira:
Importante sempre ter um diálogo aberto com seus filhos, eles precisam confiar em vocês para falarem sobre qualquer assunto inclusive uma situação de abuso, sem medo de serem criticados, ridicularizados ou envergonhados. A confiança com os pais é um grande elo de proteção das crianças, invista nele.
Converse com seu filho para nunca manter segredos dos pais, ensine seu filho que segredos não são coisas boas, dessa forma ele sempre poderá se sentir seguro em contar tudo a você, pois a maioria dos abusadores pedem a criança que mantenham segredo do ocorrido, ameaçam eles de
que se contarem a alguém coisas ruins irão acontecer com eles ou com quem eles amam, ou ainda podem usar de formas lúdicas para pedir a criança para guardar o segredo, como ” esse será nosso segredinho”.Lembre-se de que a criança não tem culpa do abuso, portanto ela nunca deverá ser punida por contar qualquer coisa sobre o seu corpo, isso cria um elo de confiança com os pais, de forma que ela sempre se sentirá segura de contar qualquer coisa.
Importante que você sempre saiba com quem seu filho está, que ela não permaneça horas sozinha com um adulto, jovem ou adolescente seja ele conhecido ou não. Dê preferência a deixá-la em grupo com outras crianças por exemplo, pois isso tende a dificultar a atuação dos abusadores. Caso seja inevitável, veja formas de monitorá-lo e converse sempre com seu filho antes e depois do tempo que ele passará sozinho com outras pessoas.
Não deixe seu filho utilizar a internet sem supervisão, crianças e adolescentes precisam de limites pré-estabelecidos justamente por não terem ainda formado completamente suas competências de julgamento, e entendimento da vida. Portanto coloque senha na internet, limite o tempo de uso do celular, de preferência coloque bloqueadores de site, coloque o computador em local de acesso a todos, essas atitudes visam justamente inibir qualquer situação de abuso pela internet.
As reações da criança falam muito sobre o que está acontecendo com ela, como elas não conseguem muitas vezes expressar com palavras o que estão sentindo ou passando, elas externam através de reações as suas emoções. Então fique atenta, se a criança de repente não mostrar mais afeição com alguém próximo que antes ela desenvolvia afeto, converse com seu filho e tente entender o motivo para o distanciamento.
Fique atento a mudanças de comportamento repentina, como: irritação, ansiedade, rebeldia, raiva, depressão, isolamento, problemas escolares (desinteresse de estudar, desatenção nas aulas), pesadelos constantes, regressões comportamentais como fazer xixi na cama ou chupar dedo, problemas gastrointestinais com frequência, de repente a criança mostra muito interesse por questões sexuais, ou começa a falar sobre sexo com uma linguagem que não condiz com a sua idade. Os desenhos da criança também demonstram muito do que ela está vivendo, pois muitas vezes por não ter todo o vocabulário necessário para externar suas emoções, ela coloca no papel através de desenhos o seus sentimentos.
Caso você note alguns desses sinais, converse com a criança sondando seus sentimentos, sondando suas mudanças comportamentais, sem ser direta demais, vá aos poucos escutando ela e conversando de forma a extrair informações do que está acontecendo com ela. Lembre-se que o importante é mostrar total apoio a criança, não duvidando da sua palavra, nem ridicularizando ela, ou a envergonhando. Se necessário for, busque ajuda profissional para que seu filho consiga falar sobre o ocorrido.
E sem dúvidas denuncie o abusador, para que as medidas legais sejam tomadas de forma a romper o ciclo e evitar que o problema continue acontecendo.
18 de maio: Dia Nacional do Combate ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes
O dia nacional do combate ao abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes foi escolhido porque em 18 de maio de 1973 uma menina de apenas 8 anos de Vitória no Espírito Santo foi sequestrada, violentada e morta. Seu corpo foi encontrado dias depois carbonizado. O crime chocou o país, mas os agressores nunca foram punidos.
O objetivo da data, é conscientizar a sociedade de que o abuso sexual infantil existe, oferecer informações a pais e responsáveis e informar à todos de que a denúncia pode salvar vidas.
Disque-denúncia: DISQUE 100
Ele funciona diariamente, 24 horas por dia, incluindo sábados, domingos e feriados. As ligações podem ser feitas de todo o Brasil por meio de discagem gratuita, de qualquer terminal telefônico fixo ou móvel (celular), bastando discar 100. O serviço pode ser considerado como “pronto socorro” dos direitos humanos pois atende também graves situações de violações que acabaram de ocorrer ou que ainda estão em curso, acionando os órgãos competentes, possibilitando o flagrante.
(www.gov.br)
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