A linguagem é uma das habilidades mais esperadas no processo de desenvolvimento infantil. Dos primeiros balbucios à primeira palavra, tudo acontece progressivamente até chegar ao momento em que a criança está falando de tudo e, não raramente, muito mais do que os pais.
“As crianças falam 50 palavras por volta dos 18 meses, 100 palavras entre 20 e 21 meses. Aos 2 anos elas já são capazes de falar três ou mais palavras em frases curtas” explica a fonoaudióloga do Hospital CEMA, Thaís Palazzi.
No entanto, e quando a criança não fala na fase esperada? Como identificar, por exemplo, que ela está enfrentando um atraso na linguagem ou que isso é consequência de outros problemas, como distúrbios auditivos?
Existem alguns marcos importantes para identificar o atraso na linguagem:
- Entre 0 e 3 meses a criança faz vocalizações, ou seja, repete vogais e faz sons guturais, depois, começa a fase do balbucio (entre 3 e 6 meses).
- Entre 6 e 9 meses ela responde, quando chamada, e repete sons para escutá-los.
- Até os 12 meses ela já é capaz de compreender algumas palavras simples e ordens, como “bater palmas”.
- As primeiras palavras, de fato, surgem entre 1 ano e 1 ano e meio.
- Até os 2 ela consegue falar frases simples. Posteriormente, cada dia é um salto na linguagem e a criança passa a se expressar cada vez melhor.
Atrasos no desenvolvimento das ‘fases” citados acima podem indicar algum tipo de alteração na linguagem.
“Essas alterações podem ser causadas por diversos motivos, como problemas auditivos, otites, falta de estímulos adequados ou limitações cognitivas, entre outros”.
Entre alguns dos problemas de fala da criança, é possível destacar três deles:
1 – Problemas auditivos
O bebê que não reage a sons fortes, com palmas, e que depois, já maior, não responde a fala dos pais, não atende quando é chamado pelo nome ou ouve frases simples; que não imita sons e palavras pode ter problemas auditivos.
“Se as primeiras palavras não se desenvolvem, a fala da criança é difícil de entender, ela substitui e omite determinados sons e sempre parece agitada e inquieta, tais sinais podem indicar que há alterações auditivas”.
2 – Gagueira
Acredita-se que algumas crianças já trazem em seu código genético a tendência para gaguejar e, nesses casos, elas não recuperam espontaneamente a fala na primeira infância. Essas crianças precisam ser avaliadas por um fonoaudiólogo para identificar o problema e tratá-lo corretamente.
3 – Língua presa
Bebês que apresentam dificuldade de sucção durante a amamentação, em colocar a língua para fora, ou que tem língua em forma de coração, que ficam com fome depois de mamar, podem ter a língua presa.
“Algumas dessas crianças não conseguem ganhar peso ou crescer adequadamente por esse motivo”.
Nesse caso, segundo ela, o pediatra ou o fonoaudiólogo podem fazer esse diagnóstico.
Caso os pais identifiquem alguns desses sinais na criança, é importante marcar uma consulta com um profissional para identificar o problema e começar o tratamento o quanto antes, se for necessário.
Além disso, o desenvolvimento da linguagem carece sempre de estímulos, que devem ser feitos, diariamente, pelos pais e/ou cuidadores das crianças.
Algumas formas de incentivar a fala da criança é:
- Conversar. Fale sobre o mundo que o rodeia, nomeie as coisas e fale o que vão fazer.
- Leia livros para seu filho. Além do estímulo à imaginação, a leitura aumenta o vocabulário e a curiosidade sobre a linguagem.
- Cante. A sonorização, a rima e o ato de cantar transformam o processo da fala em brincadeira, cantar ajuda no desenvolvimento da linguagem.
- Brincar. Criança aprende brincando, então nada de querer sentar para a hora de aprender a falar, não. Cada criança tem seu tempo, você pode ajudar ela, mas de forma natural.
- Fazer brincadeiras ou brinquedos que estimulem os cinco sentidos das crianças são também excelentes formas de desenvolver a fala.
“Os pais são mediadores do mundo para a criança, e isso também no que diz respeito à linguagem”.