Fazer as compras do mês no mercado ou apenas reabastecer a despensa da casa pode ser uma tarefa desafiadora para quem tem filhos, mas com organização e diálogo é possível transformar essa atividade que faz parte da rotina das famílias em algo tranquilo para pais e filhos e também em uma oportunidade de aprendizado e até economia.
Na opinião da especialista em Metodologia de Ensino e coordenadora do Ensino Fundamental do Colégio Marista Maringá (PR), Cláudia Hara Hashimoto, é importante incorporar as crianças em atividades comuns como ir ao mercado, mas esta recomenda de sempre “fazer combinados”.
“As crianças sempre querem ajudar e fazer atividades úteis. Por isso, é importante dar a elas autonomia e deixar que participem do dia a dia da casa. Ir ao mercado, por exemplo, pode trazer lições de educação financeira, consumo consciente, nutrição, organização e aprendizado em família”, explica.
Em Maringá, os estudantes com idade entre seis e dez anos praticam essas lições no próprio colégio, no qual, uma vez ao ano, é montado um minimercado em parceria com uma empresa da cidade, com itens básicos de consumo. E as crianças são as responsáveis pela compra dessas mercadorias.
“Os alunos organizam a lista de compra com os pais em casa e trazem o dinheiro para adquirir os produtos. No momento da aquisição, eles têm que administrar o valor, fazer escolhas e cuidar dos itens que compraram”, conta a coordenadora.
Segundo ela, o exercício reúne diversas disciplinas em uma atividade corriqueira, o que torna a ação mais valiosa para as crianças.
Aproveite e confira:
Organize com antecedência o que vai ser comprado e com que finalidade. Isto pode facilitar muito a vida dos pais na hora de passar pelos corredores do mercado, pois, quando os pequenos participam da decisão, sentem-se mais responsáveis e parte do processo.
Foi-se o tempo em que finanças era algo só para adultos. Quanto antes as crianças souberem lidar e entender a relação com o dinheiro, mais responsáveis e conscientes serão no futuro. Então, na hora de escolher itens necessários e supérfluos, é essencial explicar se eles cabem ou não na compra da família e o porquê.
Uma boa tática para evitar vontades de última hora é voltar ao ‘combinado’ da lista de compras. Estabeleça com a criança, em casa ou no trajeto, o que pode e o que não pode comprar e explique a ela a razão disso. Dar o exemplo também será importante, pois se o pai ou a mãe desviarem-se da lista, os filhos vão questioná-los.
Os mais pequenos, que ainda não sabem ler, podem ficar responsáveis por organizar as compras no carrinho, por exemplo, ou você pode fazer uma lista especial com imagens do que deve ser comprado. Segurar a cesta de compras com itens que não pesem muito também é algo que as crianças têm a possibilidade de fazer para participar da atividade também. Os mais velhos podem avaliar os rótulos, data de validade e até a relação de custo-benefício dos produtos.
Ensinar a escolher frutas e legumes (sentir a textura, o cheiro e a firmeza) pode ser uma boa tática para despertar o apetite em casa. Experimentar durante as refeições o que a criança foi responsável por comprar é uma forma de estimular o interesse por alimentos que ela ainda não conhece. Além disso na hora de fazer a lista de compras você pode perguntar para a criança que fruta/legumes podemos experimentar essa semana, deixe a criança participar da escolha.
Ao chegar em casa, as crianças podem continuar fazendo parte do processo ajudando a arrumar os produtos nos locais adequados. Vale também ouvir as sugestões dos pequenos sobre onde as mercadorias ficariam melhor armazenadas. Dessa forma, além de auxiliar com a arrumação do ambiente, as crianças aprendem a classificar produtos de acordo com a sua utilidade e modo de conservação. São pequenos conceitos que favorecem o desenvolvimento da atenção e da observação no dia a dia, além de demonstrar a importância da organização no seu cotidiano.
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