Eu sempre tive certeza de que teria meu filho de parto normal e desde que engravidei me preparei para isso. Li muito, me informei, avaliei o que gostaria (ou não) para meu parto, sonhei e planejei cada detalhe, conversei bastante com minha obstetra e meu marido, que estariam ao meu lado no grande momento. Mesmo com a proximidade do final da gestação eu não tive o “medinho” que muitas mulheres sentem, estava ansiosa e excitada para o dia P!
O que eu nunca pensei é que chegaria nas 40 semanas de gestação sem nada de dilatação, com o colo do útero bem fechado e o bebê alto. Foi então que a médica decidiu deixar uma cesariana agendada para a semana seguinte, caso o quadro não evoluísse esta seria a única saída, pois não tinha nem as condições mínimas para um parto induzido. Os dias que se sucederam foram difíceis, de muita angústia e expectativa. Cada manhã eu rezava pedindo para entrar em trabalho de parto, caminhava, fazia agachamentos… mas os dias passavam e nada acontecia.
Minha cesariana estava agendada para o dia 19/06 as 12h. Eu tinha consulta com a GO as 8hs da manhã para avaliar o quadro e definir se iríamos para a cesárea. Mas naquela madrugada o que eu mais queria aconteceu. As 4hs da manhã comecei a sentir as contrações. Eu nem acreditava, parecia um sonho! Monitorei as contrações que evoluíram rápido, as 5h já estavam a cada 5 min. Então tomei um banho, chamei meu marido para que tomasse banho também e preparasse um café da manhã pra gente, pois o dia seria longo. As 5:30 telefonei para minha médica com a grande notícia e fui para o hospital.
Cheguei no hospital as 6:15 com 4cm de dilatação e as contrações começaram a se intensificar. Fui para o chuveiro fazer exercícios na bola de pilates para aliviar a dor na lombar. As 8:15 havia evoluído apenas 1cm, estava com 5cm de dilatação. Frustrante para mim, que achava que seria como minha mãe que chegava ao hospital parindo e em 2h já estava com os filhos nos braços. Mas nessa hora não tem o que fazer, é se concentrar e seguir em frente. No quarto onde ficamos (meu marido e eu) ele colocou música clássica para ouvirmos (sempre fazia isso durante a gestação), massageava minha lombar durante as contrações, auxiliava nos exercícios na bola de pilates… E assim o tempo foi passando. As dores estavam cada vez mais fortes, então decidi voltar ao chuveiro. Já estava ficando fraca, minha pressão estava baixa e entre as contrações eu chegava a cochilar encostada na parede do banheiro. Percebi que estava perdendo as forças. Foi então que olhei para meu marido e minha obstetra e pedi anestesia.
Meu marido e eu tínhamos um combinado. Ele não me deixaria desistir e pedir cesariana, mas anestesia caso eu achasse necessário ele me apoiaria.
Nesse momento eu estava com 7cm de dilatação e as dores estavam realmente muito fortes. O anestesista levou cerca de 40min para chegar e quando me deram a anestesia estava com 8cm. Fui ao céu!! Por que não pedi isso antes? Eu imaginava que aliviaria bastante as dores, mas não sabia que era como tirar com a mão! Que sonho!! O ponto bem negativo da anestesia é que a gente tem que ficar deitada depois de tomar, o que retarda muito a evolução do parto. Mas no meu caso foi importante para me auxiliar a recuperar as energias e me preparar para o que ainda estava por vir. Foram quase 1:30h de alívio, inclusive cochilei durante esse período.
Mas como tudo o que é bom acaba, a anestesia foi passando e as dores ficando muito fortes. Eu estava com 9cm de dilatação ainda e comecei a me desesperar. Havia me preparado psicologicamente para não sentir mais dor. Pedi mais anestesia e a obstetra disse que naquele momento não podiam mais me dar. Demorou um pouco para chegar aos 10cm (não sei dizer quanto tempo exatamente), mas quando finalmente chegamos lá, a pior notícia: o bebê não estava descendo. Havia algo obstruindo ele. No caso era o braço, que estava junto a cabecinha dele. A médica fez o exame de toque durante a contratação e me pediu para fazer força, percebendo que ele não estava conseguindo encaixar. Não me levariam para a sala de parto ainda, pois eu cansaria fazendo força e ele não iria descer. Nesse momento me desesperei realmente. As dores do período expulsivo tornam-se insuportáveis se você não fizer a força da expulsão. O apoio do meu marido foi fundamental para me acalmar e dar apoio nessa hora.
Pedi para chamar o anestesista novamente, queria implorar por um acalento. Foi quando vi a médica dizendo para meu marido que me levariam para a sala de parto para fazer força e ver se o bebê desceria, mas seria difícil e a outra alternativa seria a cesariana. Ela olhou então para o anestesista e orientou que preparasse tudo. Nesse momento meu marido (um líder motivacional nato!) chegou do meu lado e disse: “Amor, agora é tudo ou nada! Nós vamos conseguir! Dá o teu melhor, sangue no olho!” E então que começamos. Eu não sei dizer de onde tirei tanta força, a cada contração dava tudo de mim, puxava minhas pernas contra o corpo, imitando a posição de cócoras, era instintivo. Uma enfermeira-anjo também apareceu para me auxiliar junto com meu marido, ela me orientava quando as contrações mais fortes vinham, percebia quando estava ficando sem força e pedia para eu respirar e “ir de novo”. Resultado: em cerca de 6 ou 8 contrações o bebê coroou! Não foi exatamente fácil, pois como o bracinho veio junto com a cabeça a médica teve que auxiliá-lo a sair, o que demorou alguns (intermináveis) segundos. E eu entendi porque se chama de “bola de fogo” quando o bebê coroa! Kkkkk
Agora o que eu tenho a dizer é que foi LINDO!! Valeu cada contratação, cada dor! Receber meu bebê nos braços foi a maior emoção da minha vida! E no final tudo ocorreu (quase) como eu planejara: Theodoro nasceu as 13:37 do dia 19/06, pesando 3.595kg, com 50,5cm, de parto normal e sem episiotomia (outra solicitação minha para a obstetra). Tive uma laceração de primeiro grau, tomei alguns pontos que 15 dias depois do parto já não existiam mais.