Teste do olhinho é obrigatório em alguns estados brasileiros e pode salvar a visão e até mesmo a vida do recém-nascido.
Por muito tempo o teste do olhinho não era um exame obrigatório nos recém-nascido em todo o país, apesar da grande importância que ele tem para descobrir problemas oftalmológicos precocemente.
O Distrito Federal e outros 11 estados brasileiros acabaram fazendo uma legislação própria que obriga maternidades, públicas ou privadas, a realizarem o exame antes da alta hospitalar do bebê. São eles Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. “O teste do olhinho serve para afastar diagnósticos precocemente, e é através dele que podemos descobrir doenças como o glaucoma, a catarata ou retinoblastoma, um tumor intraocular cujo aparecimento ocorre nos primeiros anos de vida e pode levar à morte”, explica a oftalmologista Dra. Daena Leal, do Hospital de Olhos de Pernambuco (HOPE).
O teste do olhinho, na verdade se chama “teste do reflexo vermelho”. Ele deve ser realizado pelo pediatra neonatologista ou a equipe de enfermagem do berçário já no primeiro exame das 12 horas de vida, e caso seja detectada alguma anormalidade nos olhos do bebê, deverá ser encaminhado para exame oftalmológico. “Nós encaminhamos para o ambulatório específico, a fim de que faça o acompanhamento para tratamento clínico ou tratamento cirúrgico”, explica Dra. Daena Leal.
É um exame muito simples de fazer e sem dor. Utilizando uma lanterninha ou a luz que sai do oftalmoscópio (aparelho de fazer exame de fundo de olho), o médico observa o reflexo que vem das pupilas ao serem iluminadas.
Quando a retina é atingida por essa luz, os olhos saudáveis refletem tons de vermelho, laranja ou amarelo, dando aquele reflexo avermelhado, que às vezes aparece nas fotos. “Isso, quando feito por um pediatra ou equipe. Por um oftalmologista, os exames são ainda mais detalhados e utilizamos um colírio anestésico e outro para dilatar a pupila”, continua Dra. Daena.Durante o exame, o médico observa a simetria do reflexo vermelho. Caso não seja simétrico, o exame indica problema em um dos olhos. A comparação dos reflexos dos dois olhos também fornece informações importantes, como diferenças de grau entre olhos ou estrabismo. Essas alterações atingem cerca de 3% dos bebês em todo o mundo.
Os prematuros que nascem com peso abaixo de 2 kg devem obrigatoriamente realizar um exame de fundo de olho com oftalmologista pediátrico ainda no berçário, com quatro semanas de vida, de modo que afaste o risco da retinopatia da prematuridade, principal causa da cegueira infantil na América Latina. Isso porque nos prematuros, a retina ainda está imatura ao nascer e o risco de desenvolver retinopatia é alto. Foi também através do teste do olhinho que se descobriu a ligação de problemas oftalmológicos com os bebês com microcefalia relacionada à zika.
Os bebês precisam passar por uma consulta oftalmológica completa a cada seis meses nos dois primeiros anos de vida. “Após esse período, pelo menos uma vez por ano, mesmo que não tenham queixas, sinais ou sintomas de problemas”, ressalta Dra. Daena. É assim que se descobrem os erros de refração (miopia, hipermetropia e astigmatismo) – que torna necessário o uso dos óculos – além de outras patologias que podem vir isoladas ou associadas a estes erros.
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